Entre o Corpo e a Dança: Três Dias com Gleidson Vigne
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Entre o Corpo e a Dança: Três Dias com Gleidson Vigne
Pouco passava das 10h00 e do Estúdio da Dançando com a Diferença ecoava Tim Maia. Ao longe, só se ouvia a voz do professor Gleidson Vigne a dar indicações ao grupo. Assim têm sido os últimos três dias: energia e foco em ampliar a consciência corporal dos intérpretes da companhia, bem como das duas participantes (estudantes de Dança) que se juntaram a estas aulas de Contemporâneo Consciente.
No intervalo, Gleidson Vigne explicou que o seu trabalho incidiu principalmente em treinar ferramentas que os intérpretes possam aplicar com diferentes coreógrafos.
“O primeiro dia foi mais para conhecer os intérpretes, entender as suas habilidades e o nível de consciência corporal e energética que cada um já tem. A partir daí, comecei a trabalhar os pontos que achei fundamentais.”
Ao longo dos três dias, cada sessão trouxe abordagens distintas.
“Mesmo com quatro horas por dia, o tempo é curto para dominar todos os aspetos que eu gostaria de explorar nesse primeiro contato. Mas conseguimos tocar em muitos pontos importantes”, afirma o artista.
Entre as técnicas abordadas, Gleidson sublinha a importância da divisão detalhada do corpo.
“Por exemplo, o braço não é só um braço: ele divide-se em dedos, punho, cotovelo e ombro. Quando o intérprete compreende e domina cada parte, isso transforma completamente a sua forma de dançar.”
Esse princípio estende-se também ao tronco e à coluna, com o objetivo de despertar zonas muitas vezes inconscientes do corpo.
“A ideia é que os intérpretes adquiram o máximo de consciência possível do próprio corpo. Depois disso, passamos a outras questões, como dinâmica de movimento, energia e qualidade. Essas ferramentas são essenciais para que o intérprete se adapte às propostas coreográficas mais diversas.”
Com uma trajetória internacional e eclética, Gleidson Vigne já integrou companhias como Quasar, Balé da Cidade de São Paulo, Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, Stadttheater Giessen e Carlota Portella. Foi distinguido com o Prémio Mambembe – Bailarino Revelação e assinou coreografias para diversas instituições conceituadas, como o Balé da Cidade de São Paulo, a Companhia de Ballet da Cidade de Niterói e o Tanztheater Baden.
“O mais importante é que os intérpretes saiam dessas aulas com mais ferramentas. Cada coreógrafo propõe algo diferente, mesmo usando uma estrutura parecida. Ter esse cabedal técnico e expressivo à disposição permite que o intérprete se liberte e se entregue verdadeiramente à dança”, conclui Gleidson.
Published at 30 July, 2025
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